segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Drive [2011]

Hoje é dia de crítica cinematográfica, embora cada vez o tempo seja menor e sem expectativas de melhora na frequência de posts até finais de Novembro aqui fica o esforço.

Este blog arrisca-se a ser brevemente considerado um club de fans do novo realizador da moda de Hollywood: Nicolas Winding Refn. Pois em três posts dedicados ao cinema os três são sobre ele. A questão é que não há vontade de escrever sobre qualquer filme porque a grande maioria acaba por não trazer nada de novo, são puro entretenimento e quando chega alguém com ideias e um estilo novo tal como Nolan, Fincher, Tarantino, Kubrick e tantos outros existe um certo despertar e desejo de partilhar a nossa opinião.

Drive é um grande filme de acção, é exactamente aquilo que eu esperava deste senhor mas também para ser sincero não superou as minhas expectativas.
Ao contrário de Vahlala Rising, o seu anterior filme, que tinha uma introdução rápida e mais dinâmica e que posteriormente abrandava enquanto caminhava para o seu final; Drive é totalmente o oposto, a história é apresentada num ritmo pausado e quase melancólico para depois chegar a um desenlace rápido e algo trapalhão sendo este o único defeito relevante que encontro em todo o filme.
Podia bem ter durado mais meia hora que não se perdia nada.

Ryan Gosling é o protagonista, encarnando o papel de um duplo de cinema, perito em perseguições. A sua personagem apresenta traços de autismo, com fixação em alguns elementos e uma dificuldade extrema em comunicar e relacionar-se normalmente com as restante pessoas. Nada se sabe do seu passado nem sequer mesmo o seu nome. O "Driver" é-nos apresentado como um homem bondoso e apaixonado mas capaz de cometer os actos mais cruéis ao sentir-se a si e aos seus ameaçados.  Quase acidentalmente envolve-se no mundo do crime e é aí, como é óbvio, que os problemas começam.

Acho que dizer mais que isto é já fazer spoilers mas não queria terminar sem destacar os melhores aspectos deste filme.

Primeiro de tudo o talento cinematográfico do realizador (por alguma  razão ganhou Cannes não é?), acho que nunca na minha vida tinha visto a cidade de L.A tão bem retratada, embora nunca tenha lá estado, senti que a sua perspectiva a retratava fielmente, senti que a respirava e que por momentos estava eu num daqueles carros americanos a atravessar as boulevards a meio da noite.
Não faltaram momentos "a la Gus Van Sant" com técnicas de filmagem semelhantes a "Elephant", e momentos de tensão que não via desde a cena da cave do Inglorious Bastards de Tarantino.

Há uma cena em especial que considero verdadeiramente espectacular que se passa num elevador, e que em questão de segundos experimentamos a sensação de um Western Spaguethi, seguido de uma demonstração de amor instintiva que actua como um sorvete de limão (tira o sabor do peixe para comer a carne) para finalizar no acto de ódio, raiva e auto-preservação mais cru que se possa imaginar. 
Este é um dos pontos mais interessantes de Refn, a violência é descerebrada e gore, mas é realista e bem utilizada. são como aqueles estalos que dá a lenha quando arde a fogo brando.

A banda sonora é inacreditável, das melhores que ouvi em muito tempo. Não são apenas canções colocadas à sorte para animar uma perseguição ou uma fuga a pé. Neste filme é provavelmente o seu ponto mais forte e aquilo que lhe dá um toque verdadeiramente especial, contribuindo à criação de um ambiente urbano e noir.


Estou muito satisfeito com o filme. Se esperava mais? Posso dizer que sim, pensei que seria um filme de uma vida (um condenados de Shawshank...) e não o é, mas confirma as minhas expectativas por este senhor. Tenho a certeza que a sua obra maestra ainda está para vir e a sua obsessão por retratar o homem primitivo com os seus instintos mais selváticos e puros nos dará grandes alegrias no futuro.

Destaque também para Gosling que que acaba por fazer um bom papel. Adorei principalmente aqueles sorrisos subtis nas situações menos apropriadas que causavam certo desconforto e geravam duvidas sobre a sua sanidade mental.


Nota de entretenimento: 50 euros
Nota de imagem/fotografia: 200 euros
Nota de banda sonora: 500 euros
Nota de interesse: Mete velocidades furiosas no fundo do saco de Douglas

Rating Hipster: Wayfarer forradas com a pele de Andy Warhol



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Divulguem!

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